Necessidade: Teologia
Arminiana Robusta para Leigos (especialmente jovens)
Por Roger Olson
A maioria das
pessoas que vêm aqui sabem que o movimento “neo-calvinista” (alguns preferem o
chamar de “neo-puritanismo” e outros de movimento “Jovem, Incansável e Reformado”)
está se espalhando como um incêndio entre cristãos evangélicos, especialmente
entre os jovens e adolescentes. Num grau alarmante isto está acontecendo em
igrejas evangélicas onde o calvinismo tem tradicionalmente sido não só
virtualmente desconhecido, mas definitivamente uma alternativa para suas
heranças e etos. É claro que falo das muitas igrejas wesleyanas (“Holiness”),
igrejas pentecostais e até mesmo igrejas anabatistas. Frequentemente, ouço de
pastores e outros associados com essas igrejas e suas escolas sobre incursões
de calvinismo entre eles. Muitas vezes eles me perguntam algo como “o que vamos
fazer?”
Minha resposta
é simples: redescobrir, recuperar, ensinar e pregar uma robusta, cativante,
atrativa, biblicamente enraizada teologia arminiana – aquilo que a sua igreja
ou escola declarou oficialmente por décadas ou séculos, mas que foi em grande
parte esquecido e certamente negligenciado.
Muitas pessoas
perguntam a minha opinião sobre as causas dessa onda neo-calvinista entre os
jovens evangélicos americanos. Eu dou muito crédito a isso para John Piper e os
seus protegidos. Infelizmente, arminianos não tem produzido um porta-voz tal
como ele em décadas recentes. Disse “infelizmente”, mas na verdade acho que não
só arminianos não produziram tal pessoa, quase nenhuma teologia evangélica
específica tem produzido um. Piper permanece sozinho. Ele tem seguidores e
imitadores, mas ninguém igual. (Não considero Billy Graham como promovendo uma
teologia evangélica específica; a sua teologia evangélica é “genérica”.)
Entretanto,
acho que a causa mais importante dessa onda de calvinismo entre jovens é o
vácuo doutrinário nas igrejas evangélicas – até entre aquelas arminianas.
Não me lembro
dos detalhes, mas cresci sabendo que “nós” éramos arminianos. Não entendia
completamente isto até a faculdade e aprender mais sobre isto no seminário, mas
aprendi a partir dos nossos hinos, sermões, estudos bíblicos, lições da escola
dominical, eventos do grupo de jovens que acreditávamos que Deus concedia o
livre-arbítrio (“arbítrio liberto”), o amor de Deus para todas as pessoas, a
morte de Cristo para todos sem exceção, graça resistível, etc. Não me
interpretem mal; não estou dizendo que aos 16 anos de idade eu estava
teologicamente formado. Longe disso, mas nossa igreja comunicou a doutrina e a
transmitiu para de uma geração para outra por vários meios. Hinos e músicas
evangélicas foram um deles. O pastor com o qual eu cresci era muito cuidadoso
com os hinos que cantávamos e ele explicava o seu significado, nós não cantávamos
irrefletidamente.
Muitas igrejas
não-calvinistas (e tenho certeza que mais do que alguns calvinistas também) se
afastaram quase que totalmente da doutrina do ensino. Ou expõem seus jovens a
uma variedade de opiniões, porém não explicam a eles quais e porque são as
doutrinas das suas igrejas. Elas se concentram muito em questões éticas e
formação espiritual, mas pouquíssimo sobre crença.
Os jovens
cristãos que encontram o calvinismo, mesmo os de igrejas decididamente
não-calvinistas, seguidamente têm dois problemas. Primeiro, eles não ouvem
sobre as implicações negativas do calvinismo. Raramente, os seus promotores
populares ou nunca, dizem “aqui há um problema com o calvinismo”. Eles
simplesmente não pensam nas implicações lógicas das crenças calvinistas. Muitas
vezes tive a experiência de apontá-las e receber expressões como “ó, não tinha
pensado nisso”. Segundo, eles acham que o calvinismo é a única opção
teologicamente bíblica. Eles simplesmente não sabem sobre arminianismo ou
qualquer alternativa ao calvinismo, ocasionalmente, eles dizem que as
alternativas são sub-cristãs na melhor das hipóteses ou mesmo não-bíblica ou
herética.
A solução (para
o problema das lutas nas igrejas não-calvinistas com uma afluência de jovens ou
a ascensão do calvinismo entre a sua própria juventude) é usar a ocasião como
um momento de aprendizado (um clichê, eu sei) e começar a ensinar e a pregar (e
a cantar) a sua própria teologia histórica. Quais são os fundamentos dessa
alternativa? Primeiro, Jesus Cristo é a revelação perfeita do caráter de Deus;
não há por trás dele um “Deus oculto” com diferentes disposições e intenções.
Segundo, o caráter de Deus é o amor incondicional. (Cante “O Amor de Deus” e
outros parecidos) Terceiro, Cristo morreu por todos e quer que todos se salvem
(1Tm 2.4-6). Quarto, Deus é soberano, mas ele é soberano sobre a sua própria
soberania. Quinto, Deus em nenhum sentido é autor do pecado, do mal, e não “designa,
ordena e governa” o mal. Sexto, a eleição é corporativa e a predestinação é
condicional (presciência). Sétimo, não merecemos a nossa salvação, mas
cooperamos com a graça preveniente de Deus, aceitamos o dom de seu Filho e salvador, e essa é a nossa
escolha. Oitavo, Deus não obtém nenhum prazer ou glória do inferno.
É claro, há
outros pontos de uma robusta soteriologia evangelical não-calvinista e a
doutrina da soberania de Deus . Porém,
estes são os essenciais.
Por que não
ter a congregação cantando “E pode ser que?” por Charles Wesley e logo em
seguida usá-lo como um trampolim para um sermão sobre graça preveniente (O teu
olho difuso um raio vivificante... Minhas cadeias caíram, o meu coração foi liberto...”)
Use como seu texto “Quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.”
Não tenha medo de falar sobre calvinismo como teologia defeituosa sem que isto
implique que calvinistas sejam más pessoas ou hereges.
Grande parte
da culpa para o surgimento do “neo-calvinismo” é nosso – arminianos. Temos
falhado em prover aos nossos jovens a nossa teologia. Então, naturalmente eles
acham que o calvinismo é a única teologia evangélica bíblica quando o encontram
pregado e ensinado por jovens atrativos e persuasivos como Matt Chandler, Mark
Driscoll, Louis Giglio, etc. Até caírem sob o feitiço de John Piper, que é
simplesmente um mágico na persuasão.
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