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“Graça Preveniente”: O Termo Teológico Para “Hospitalidade”

A hospitalidade de Abraão


Por Pastor Foley 

Parte I da nossa série sobre Abrindo Sua Casa 

Duas palavras gregas no Novo Testamento são traduzidas em inglês como “hospitalidade”. 

A primeira é a philoxenia (usada aqui, aqui , aqui, aqui e aqui) que literalmente significa “aquele que ama os estrangeiros”. Em outras palavras, de acordo com a Bíblia, a hospitalidade não se refere a nós que hospedamos bem os nossos amigos e familiares. 

Ela se refere a nós abrindo nossas casas para pessoas que nunca conhecemos

Uma segunda palavra grega para hospitalidade, xenodocheo (usada aqui) é composta de xenos, que significa “estrangeiro”, ou “alguém desconhecido, sem participação”, e dechomai, que significa “receber”, “aceitar, “tomar pela mão”, “dar ouvidos”, “abraçar”, ou até mesmo “receber dentro da família para criar ou educar”. A hospitalidade, então, se estende até mesmo ao tomar pela mão e considerar outra pessoa como da própria família que não tem participação ou conhecimento da própria identidade, vida e valores. 

Nosso primeiro instinto é pensar acerca disso em termos de nós mesmos. Eu poderia aceitar em minha casa alguém que não partilha ou conhece minha identidade, vida e valores? Esta é uma boa pergunta... mas não é onde queremos começar. Em vez disso, começamos perguntando: “Como Cristo primeiro realizou esta Obra de Misericórdia comigo?” 

Quando pensamos acerca das coisas dessa forma, vemos que Deus aceita em sua casa uma raça de pessoas (nós) que não partilham ou conhecem a sua identidade, vida e valores. 

Teologicamente, temos um nome para esta Obra de Misericórdia de Deus. Nós a chamamos de graça preveniente

Mas antes de mergulharmos nela, vamos dar um passo atrás e perguntar o que queremos dizer quando falamos acerca de hospitalidade. Uma grande definição vem de David Gushee em sua resenha de um grande livro, Making Room: Hospitality as a Christian Tradition, por Christine Pohl: 

Este é o significado bíblico da hospitalidade - abrir espaço para o estrangeiro, especialmente para os que têm maior necessidade. Tal cuidado não deve ser reduzido a mero entretenimento social, nem pode ser com auto-interesse e reciprocidade; em vez disso, a hospitalidade bíblica alcança o desprezado e o humilde e não espera nada em troca. A hospitalidade não é opcional, nem deve ser entendida como um dom espiritual raro; em vez disso, é uma prática bíblica normativa que é aprendida ao se praticá-la. 

A hospitalidade, ou a falta dela, era imediatamente aparente nas cidades e culturas do mundo antigo. Como observa o historiador bíblico Rodney K. Duke, na ausência de uma indústria de hospitalidade profissional, a sobrevivência do viajante de fato dependia inteiramente da gentileza aos estrangeiros: 

A situação dos estrangeiros era desesperadora. Eles não eram membros da comunidade, fosse tribo, cidade-estado ou nação. Como estrangeiro, o viajante frequentemente precisava de comida e alojamento imediatos. Viúvas, órfãos, pobres ou peregrinos de outras terras careciam do status familiar ou comunitário que proporcionava uma herança fundiária, os meios de ganhar a vida e a proteção. No mundo antigo, a prática da hospitalidade significava receber graciosamente uma pessoa estrangeira em sua terra, lar ou comunidade, provendo diretamente as necessidades daquela pessoa. 

Isso é exatamente o que Deus faz para a raça humana como um todo e para nós individualmente! 

No dia-a-dia, geralmente temos muito pouca consciência de quão completamente desesperadora é nossa situação sem a hospitalidade de Deus a cada momento! Em nossa próxima postagem, exploraremos a hospitalidade de Deus para os israelitas e toda a raça humana. 

Por enquanto, pare e pondere: como Deus mostrou sua hospitalidade a você hoje?




Fonte: Do the Word

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