Réplica ao texto: O Arcanjo Miguel não é o Senhor Jesus Cristo
Por Luís Henrique S. Silva
Este artigo pretende ser uma réplica ao artigo do pastor Zwínglio
Rodrigues em relação ao entendimento adventista sobre o arcanjo Miguel e
Cristo.[1]
Em minha réplica não irei defender a posição adventista porque não creio que
ela seja correta, porém irei mostrar que tal posição trata-se apenas de uma
opção exegética sem agravo algum a cristologia ortodoxa. Não serei técnico
nesta abordagem preferindo uma escrita mais coloquial a acadêmica.
Introdução
Zwínglio inicia o seu artigo associando a interpretação adventista a
interpretação dos Testemunhas de Jeová (TJ) e “seitas populares” a respeito de
Miguel ser uma manifestação de Jesus Cristo no AT. Embora Zwínglio faça a
devida observação que a interpretação dos TJ possui um aspecto ariano e a
adventista trinitariano[2]
tal associação é na verdade um pseudo-argumento. Grupos reputados como heréticos também possuem
crenças compartilhadas por outros grupos ortodoxos do cristianismo. Por
exemplo, a doutrina tão cara aos protestantes chamada “Sola Scriptura” é semelhantemente
confessada por grupos socianianos.[3]
Todavia nenhum protestante ortodoxo irá
descrer da “Sola Scriptura” devido a grupos heréticos também crerem nela.
Devido a isto, entendo ser desnecessária tal associação e vejo que o seu
objetivo é meramente difamatório a IASD e foge completamente ao escopo do
assunto. Ter uma crença compartilhada por um grupo herético não é prova cabal
de que esta crença seja heterodoxa.
O pr. Zwínglio afirma que a denominação segue o entendimento de Ellen
G. White a respeito deste assunto e ressalta textos em que ela discorre a
respeito deste entendimento. Ellen G. White relaciona a cristofania[4]
do arcanjo Miguel com outras cristofanias do AT tal como o Anjo do Senhor e o
príncipe do exército Senhor. Adiante Zwínglio declara que tal entendimento é
falso, porém não justifica imediatamente a sua declaração e reafirma que o
esforço do teólogo adventista Batchelor para provar este ensinamento não logrou
êxito. Zwínglio se espanta por algumas figuras marcantes do cristianismo
protestante majoritário também terem o mesmo entendimento quanto a cristofania
de Miguel, a lista poderia ser ampliada, mas cabe ressaltar que basicamente as
tradições teológicas protestantes majoritárias (luterana, calvinista e
arminiana) possuem teólogos fundacionais que afirmaram esta cristofania. Assim
sendo, tal entendimento não lhes é estranho e nem valeu a quem afirmasse este
ensinamento o título de herege ou heterodoxo.
O entendimento judaico sobre Miguel
Parte da argumentação do pr. Zwínglio está em demonstrar o
entendimento dos antigos judeus a respeito de Miguel, pressupondo assim que tal
entendimento influenciou a teologia neo-testamentária. Numa abordagem
histórico-crítica Zwínglio afirma que o conceito de arcanjos não pertence ao
pensamento judaico pré-exílico, portanto, sendo um empréstimo cultural dos
persas. Em seguida, ele faz a asseveração de que não é possível associar Miguel
a Cristo à parte de outras cristofanias[5]
envolvendo o Anjo do Senhor. Não há qualquer exposição de qual critério foi
usado para fazer esta distinção entre entender o Anjo do Senhor como
cristofania e Miguel não, visto que a mesma tradição judaica não é unânime em
compreender o “anjo do Senhor” como o próprio Deus.[6]
Assim sendo, se na literatura judaica não há unanimidade em relação ao Anjo do
Senhor, o qual foi aceito por Zwínglio como uma cristofania, logo pelo mesmo
princípio adotado em relação a Miguel o pr. Zwínglio não deveria afirmar tão
prontamente que aceita o Anjo do Senhor como cristofania e Miguel não.
Outra observação que gostaria de ressaltar é que Zwínglio é seleto em
relação as tradições judaicas a serem aceitas por ele no seu argumento. Não se
tratando de textos canônicos (i.e. textos da Bíblia) nenhuma tradição judaica é
normativa ou inspirada por Deus, portanto pré-selecionar somente o que concorda
com sua visão não é academicamente honesto de sua parte. Livros
pseudoepígrafos, apócrifos e rabínicos são tão ocultistas e não inspirados
quanto a literatura cabalista. O critério usado por Zwínglio para rejeitar esta
fonte foi apenas um “acho”. Contudo, Zwínglio admite que parte da tradição judaica
viu em Miguel uma figura messiânica. Por mais que seja verdade que os judeus
majoritariamente viram em Miguel um ser distinto de Deus, também devemos tomar
a precaução de não tomar a interpretação judaica como a regra hermenêutica,
visto que pode ser muito possível os judeus terem errado majoritariamente sobre
um ensinamento bíblico. Sabe-se que os judeus do primeiro século tinham uma
esperança apenas política a respeito do Messias e nem por isso nós cristãos
tomamos esta esperança como regra hermenêutica para lermos Jesus.
Aspectos gramaticais
Parcialmente concordo com Zwínglio a respeito dos aspectos gramaticais
levantados em seu artigo. Todavia, Zwínglio não trabalha com o gênero textual e
com os recursos linguísticos possíveis a partir do gênero. Sabemos que rios não
batem palmas e nem montes cantam, mas poeticamente eles fazem (Sl 98.8). O uso
inescrupuloso da gramática pode nos levar a tomar decisões erradas. Por
exemplo, no Evangelho de Mateus 27.54 o centurião que estava com Jesus, no
momento de sua morte não se refere a Jesus como sendo “o” Filho de Deus. Falta
neste texto o artigo definido grego “ho”, o qual identificaria Jesus como sendo
o único Filho de Deus. Não quero perder tempo aqui polemizando este versículo
de Mateus, mas o uso para demonstrar que apenas uma análise fria da gramática
pode gerar tantos problemas quanto desconsiderá-la.
Então, embora seja verdade que Batchelor esteja errado na forma com
que estrutura o seu argumento, não é objetivo de Batchelor afirmar que Miguel
(visto por ele como uma cristofania) é inferior a Deus. Zwínglio vê certo
perigo em afirmar que Miguel é “o maior mensageiro que é Deus”, tal perigo não
pode ser descartado tanto quanto não devemos descartar o perigo de se entender
errado títulos como “Filho de Deus”, “Primogênito de toda a criação” (Cl 1.15),
“Príncipe” (Atos 5.31), etc. Também coloca Zwínglio em posição desconfortável
diante da sua crença, a qual também compartilho, que o Anjo do Senhor é uma
cristofania.[7]
Tomemos por exemplo o texto da anunciação do nascimento de Sansão, no
qual o Anjo do Senhor recebe adoração de Manoá (Jz 13.17-23). Ali o termo Anjo
do Senhor significa literalmente “mensageiro de YHWH”, ocorre sem artigo
definido “ha”, todavia este mensageiro recebe adoração e é identificado pelo
próprio Manoá como Deus v.21, a palavra Deus está no plural “Elohim” e sem
artigo definido “ha”. Se não lêssemos o texto hebraico com o pressuposto
monoteísta este mensageiro certamente seria entendido como um dos deuses do
mundo antigo e não como uma cristofania. Não é todo texto que o anjo do Senhor
é uma manifestação de Deus, na anunciação do nascimento de Cristo um anjo do
Senhor aparece para os pastores da região (Lucas 2.9) a sua missão é ser apenas
um mensageiro da boa-nova. A construção gramatical em grego anjo do Senhor (angelos
kuriou) do Evangelho de Lucas é igual a tradução que a LXX fez de Juízes
13.21. Só sabemos se o anjo do Senhor é uma cristofania ou não a partir do
contexto onde está o termo.
Certamente, Zwínglio e nem eu entendemos que o Anjo do Senhor é um
deus com "d" minúsculo, menos ainda que o fato de Deus se manifestar em forma de
anjo diminui a sua divindade ou que a coloca em risco. Assim sendo, não há
agravo algum para a divindade de Deus se ele quis se manifestar em forma de
arcanjo e não de anjo. Sequer deveríamos estar debatendo sobre esta questão
cristológica, ponto no qual adventistas confessam igualmente a nós que Cristo é
Deus-Homem.[8]
Prosseguindo, Zwínglio usa a compreensão judaica de Miguel para
afirmar que o NT assim também o entende como ser criado e não como uma
cristofania. Como coloquei anteriormente Zwínglio admite usar apenas parte da
tradição judaica sobre este assunto e aqui na Epístola de Judas a coloca como
regra hermenêutica. Há diversos pontos que podem ser abordados aqui, mas vou-me
ater a compreensão de Judas a respeito da literatura pseudoepígrafa. Nada
dentro da Epístola nos obriga a crer que Judas entendia este relato sobre o
corpo de Moisés como verídico, o uso deste relato cumpre a função pastoral de
alertar a sua comunidade sobre a difamação/blasfêmia das autoridades, dentre as
quais está o próprio demônio. O rabino Judah Hakkodesh diz que onde Miguel
aparece a glória da majestade de Deus sempre pode ser vista (Shemoth Rabba),
Miguel também foi interpretado como uma figura messiânica por alguns rabinos,
então o problema é definir qual a interpretação que Judas fez deste texto
espúrio. Judas usa Miguel com um anjo que não blasfemou contra o Diabo ou o aborda
cristologicamente usando Miguel como a figura messiânica que não difama o Diabo
e vence a luta? Jesus na sua tentação no deserto não blasfemou contra o Diabo e
usou a palavra de Deus para vencê-lo. Zwínglio tenta afirmar que no texto de
João 12.31 Jesus condena o Diabo e que isto é seria equivalente ao “juízo
infamatório” de Judas. Discordo completamente desta interpretação porque Deus
não blasfema, calunia ou difama a ninguém no seu exercício de juiz do universo.
Há uma diferença radical entre proferir juízo sobre algo ou alguém e proferir
um juízo com a qualificação de “infamatório”. A NTLH deixa muito claro esta questão ao
traduzir assim: “Miguel não se atreveu a condenar o Diabo com insultos.” (Jd
1.9).
Não estou tão seguro quanto Zwínglio em sua crítica ao autor
adventista sobre usar Zc 3.2 na defesa do seu posicionamento. Inclusive aqui
temos a figura do “Anjo do Senhor” usando o nome de Deus para expulsar o Diabo,
algumas traduções fazem opções diferentes para este versículo deixando a
repreensão a cargo do SENHOR (ARA?), ou do anjo do Senhor (NVI), ou do Anjo do
Senhor (NTLH), ou do Anjo de Iahweh (BJ). Certamente este é um texto que traz
várias possibilidades dentre as quais a cristofania do Anjo do Senhor
repreendendo Satanás pode ser lida. Teria em mente Judas usar o texto espúrio
com o mesmo objetivo de Zc 3.2? Se o Anjo do Senhor sendo Jesus manifestado no
AT pode usar o nome de Deus para repreender o Diabo qual o impedimento para que
Judas usasse o trecho de um pseudoepígrafo da mesma forma? A crítica sobre a
palavra grega “atreveu” depende de como classificamos o gênero literário do
pseudoepígrafo (i.e. seria um relato histórico fiel, poesia, ficção...) junto
dos recursos literários usados pelo seu autor. Não devemos nos esquecer que a
Bíblia afirma uma série antropopatias a respeito de Deus, inclusive Deus se
arrepende na Bíblia (Gn 6.6), algo tão humano quanto não ter coragem. Se é
impensável lermos a Segunda Pessoa da Trindade não tendo coragem, também poderá
ser impossível de lermos a Primeira ou a Terceira se arrependendo ou se entristecendo
respectivamente.
A força do argumento a respeito das autoridades superiores estaria num
arcanjo não blasfemar contra o Diabo ou no próprio Cristo não blasfema-lo?
Presumindo que os escritores do NT são cristocêntricos, então o argumento de
Judas usando Miguel como Cristo teria um impacto muito maior sobre a sua
comunidade do que simplesmente um arcanjo não blasfemando contra o Diabo, que é
também um ser angelical. Judas parece seguir uma sequência dos feitos de
Cristo, o qual libertou o povo v.5, trancafiou os anjos rebeldes v.6, Miguel
(Cristo?) não blasfemou contra o Diabo v.9, exercerá juízo sobre os ímpios
v.15.
A respeito de Daniel
Zwínglio inicia afirmando que
Miguel é o “primus inter pares” das hostes celestiais mais altas. Para isto,
ele usa a palavra hebraica echad como prova para o seu argumento. Ou
seja, Miguel seria um dos principais anjos-chefes (de certa forma esta
interpretação abre espaço para afirmar que haja mais de um arcanjo, visto que
Miguel seria um entre tantos). Contudo, echad não possui necessariamente
o aspecto de número cardinal ou ordinal, a palavra também pode ser um adjetivo
(e.g. só, único, singular...) ou artigo indefinido.[9]
O uso como adjetivo parece ser o caso aqui para echad porque Miguel é um
ser único e inigualável com a tarefa bem específica de proteger a nação de Israel.[10]
Entender echad apenas como número pode gerar alguns problemas como na
oração do Shemá (Dt 6.4-9), na qual YHWH é Um (i.e. único) e não um deus entre
outros deuses.
A palavra hebraica rishon como destacado por Zwínglio possui
tanto o significado de primeiro (e.g. “primeiro dia”, Êx 12.15), mas também o
mais proeminente (e.g. “Eu, o SENHOR, o primeiro”, Is 41.4).[11]
Ela não significa intrinsicamente que pode haver outros iguais ao sujeito ao
qual ela qualifica, pois se assim for o texto de Isaías deixaria de ser uma
exaltação a onipotência e eternidade do Deus único para a exaltação de um deus
numa série de deuses. A LXX traduz 'achad hasharim harishonim por heis
tōn archōn tōn prōtōn, as palavras archōn e prōtōn
estão associadas a Cristo no NT, por exemplo, Jesus é o Soberano dos
reis da terra (Ap 1.5) e o primeiro e o último (Ap 1.17). Se faz
necessário observar que Miguel acumula títulos que soam redundantes e isto é
uma característica que vemos também em Jesus, o qual é Senhor dos senhores e
Reis dos reis (Ap 17.14). Ambas as situações onde estas redundâncias ocorrem
estão num contexto de guerra. A palavra shar também está associada a uma
cristofania, na qual o Príncipe do exército do SENHOR é adorado por
Josué (Js 5.14-15). Resumindo, Miguel é o único dos príncipes dos primeiros,
certamente ler uma cristofania aqui não é um exagero.
Na crítica de Zwínglio a respeito da posição de Matthew Henry
favorável a identificar Miguel como uma cristofania, ele usa a palavra heresia
a fim de qualificar a posição do comentarista. Devo aqui refrescar a memória do
pr. Zwínglio sobre o significado de heresia, a saber, negação de um ou mais
artigos de fé fundamentais em que o negador o faz por ignorância ou com
conhecimento de causa.[12]
Portanto, a linguagem de Zwínglio é imprópria para tratar a questão, visto que aceitar
ou rejeitar um texto como cristofania ou teofania não significa rejeitar
qualquer doutrina fundamental do cristianismo. Não há qualquer concílio
ecumênico ou confissão de fé protestante que postule a obrigatoriedade de crer
que Miguel não é uma cristofania do AT. Assim sendo, devemos tratar a questão
como uma opção exegética, a qual pode estar correta ou não, em vez de usar
termos como heresia ou ortodoxia neste debate.
Zwínglio diz que Jesus “jamais assumiu uma natureza angélica (Hb
2:16)”. Também aproveito para elucidar ao pr. Zwínglio que no conceito de
cristofania ou de teofania a divindade não assume qualquer tipo de natureza
angélica, a definição é exatamente aqui que a palavra diz, ou seja, a
manifestação de Cristo ou de Deus em forma visível e não uma mirabolante
encarnação angelical. No batismo de Jesus houve uma teofania (pneumofania?) do
Espírito Santo, na qual o Espírito se manifestou em forma de pomba (Lc 3.22),
seria ridículo crer que a Terceira Pessoa da Trindade assumiu alguma natureza
animal a fim de se manifestar. Entender corretamente os conceitos teológicos
nos ajuda a não tirar conclusões erradas e possibilita um debate cristalino com
aqueles que pensam diferente de nós.
Resultados deste artigo
Adventistas fazem opções exegéticas favoráveis a Miguel como uma
cristofania do AT, nesse sentido eles se afastam da maioria dos cristãos
evangélicos. Todavia, teólogos fundacionais como Calvino e Wesley também
fizeram as mesmas opções séculos antes da IASD ser fundada. Tal opção pela
cristofania não afeta em nada a divindade de Cristo e quem assim pensa o faz
por ignorância ou por más intenções, pois numa cristofania ou teofania não há
redução da divindade a categoria na qual ela se manifesta. O Espírito Santo
manifestado em forma de pomba no batismo de Jesus não se reduziu a classe
animal. A teologia não é feita apenas de significados explícitos dos textos
canônicos, mas também daquilo que está implícito. Não há texto algum que
associe explicitamente Cristo a figura do Anjo do Senhor no AT, todavia o
próprio Cristo disse estar presente no momento do sacrifício de Isaque (Jo
8.56-58) e ao lermos o capítulo 22 de Gênesis encontramos o Anjo do Senhor
impedindo Abraão de consumar o sacrifício e provendo a vítima sacrifical
substitutiva para Isaque. Não é necessário que algum versículo diga “Jesus e o
Anjo do Senhor são a mesma pessoa” para entendermos elas são. Todavia, nem todas
as ocorrências do termo “anjo do Senhor” significam que trata-se de uma
cristofania, assunto já trabalhado acima. Mesmo eu discordando que Miguel seja
uma cristofania consigo compreender porque adventistas e outros teólogos fundacionais
viram neste arcanjo elementos suficientes para classifica-lo assim.
Ainda que Miguel não seja uma cristofania, afirma-lo como tal não
rebaixa Jesus a categoria de arcanjo tal como afirmar que Jesus é o Anjo do
Senhor não o rebaixa a categoria de anjo, a qual na angeologia representa uma
posição hierárquica inferior a de arcanjo. Para aqueles que afirmam ser Miguel
uma cristofania não há divinização de um arcanjo, visto que para eles o arcanjo
não é arcanjo, mas sim Cristo. Nem há adoração a Miguel pelo mesmo motivo que
aqueles que aceitam o Anjo do Senhor como Cristo não estão adorando um anjo.
Também não procede a acusação de reavivamento do gnosticismo porque para
adventistas não foi um anjo que morreu e ressuscitou ao terceiro dia, mas o
Senhor Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. Não há paganismo algum no
conceito de cristofania e teofania, conceitos oriundos da igreja antiga, embora
possamos debater quais textos de fato se enquadram neste conceito. Menos lógico
ainda seria reputar como heresia um erro na identificação de uma cristofania,
visto que heresia ocorre somente em artigos de fundamentais de fé tal como a
cristologia, a qual adventistas confessam Cristo como verdadeiro Deus-Homem.
Conclusão
É de muito bom senso estarmos
atentos e cientes do significado que termos possuem e não irmos além daquilo
que um grupo declara. Não podemos fazer das nossas escolhas exegéticas o padrão
pelo qual rotulamos grupos como hereges ou ortodoxos, precisamos nos desprender do nosso denominacionalismo e fazer uma análise histórico-teológica a fim de
determinar isto. É muito subjetivo tomar as minhas escolhas e impressões como
fator determinante para classificar alguém ou algum grupo como herege ou
ortodoxo.
A salvação não é um amontoado de doutrinas a serem confessadas, mas um
relacionamento genuíno com Jesus Cristo através da fé. Devido a isso a salvação
não é um bem que pode ser vendido ou comprado, ou presente no templo A, B ou C.
A complexibilidade dessa relação entre o pecador e Cristo não me faz crer que
todos os membros das igrejas evangélicas majoritárias estejam salvos apenas
porque as suas denominações possuam credos e doutrinas considerados corretos ou
aceitáveis. Prefiro abordar individualmente cada pessoa e perguntar: Quem é
Cristo para você? Do que ele te salvou? Como você vive a partir disso? Tenho
certeza que posso chamar muitos adventistas e muitos outros evangélicos de
irmãos, pois ambos creem que Jesus é Deus bendito e salvador dos homens,
especialmente dos fiéis.
[1] O
texto pode ser acessado no link: http://blogdokimos.com.br/arcanjo-miguel-nao-e-um-titulo-honorifico-do-senhor-jesus-cristo/
[2]
Zwínglio é ambíguo em sua frase sobre a IASD ser trinitariana, na declaração de
fé da ISAD está claro que eles são trinitários, cf. https://www.adventist.org/pt/crencas/deus/trindade/
[4]
Para compreensão do significado do termo cristofania veja, http://lucasbanzoli.no.comunidades.net/cristofania
[5]
Zwínglio usou o termo teofania no seu artigo, porém eu usarei sempre
cristofania a fim de distinguir aparições em forma humana/angélica de Deus
daquelas em formas mais genéricas.
[6] “A
expressão foi dada simplesmente ao poder de Deus para realizar através de um
único anjo qualquer ação, por mais maravilhosa que fosse.” http://www.jewishencyclopedia.com/articles/1521-angelology
[7]
Zwínglio prefere usar o termo teofania.
[8] “Sendo
para sempre verdadeiramente Deus, Ele Se tornou também verdadeiramente homem,
Jesus, o Cristo.” https://www.adventist.org/pt/crencas/deus/filho/
[9]
DITEAT, 1:339.
[10]
DITEAT, 2:70.
[11]
VINI, 245.
[12]
SCHÜRLER, Arnaldo. Dicionário Enciclopédico de Teologia. Canoas: Ed.
ULBRA, 2002. p. 228.
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